Sinais enviados pelo preço da ação

Vamos supor que um gestor ou um investidor esteja posicionado em uma ação que nos últimos 12 meses acumula uma queda de 50%.

No mesmo período, o Ibovespa registra uma alta de 6,0%.

Essa ação é de uma empresa que já foi queridinha do mercado.

Entre novembro de 2018 e novembro de 2020, esta mesma ação acumulou uma alta expressiva de 467%.

Hoje está sendo negociada a R$1,80.

Portanto, entre novembro de 2020 e a cotação atual, estamos falando de uma queda de 93,0%.

93% em três anos.

Seria de se esperar que os principais acionistas da empresa tivessem feito mudanças significativas na equipe de gestão, tanto na diretoria executiva quanto no Conselho de Administração.

Isso não aconteceu.

Começando pelo Conselho:

Com base no site de RI da empresa, dos 7 Conselheiros, 1 entrou no Conselho este ano.

Os demais 6 estão na empresa desde 2017 ou antes disso.

Esperaria que, dada a percepção que o mercado tem da empresa e de seu posicionamento competitivo, seria de bom grado que houvesse tido uma reformulação no conselho.

E quando falo em reformulação, não me refiro apenas às pessoas. Mais importante até deveria ser montar um Conselho cujas competências estivessem alinhadas com o objetivo de criação de valor sustentável para acionistas e demais stakeholders.

Na diretoria executiva, temos o CEO que está nesta posição há vários anos e é da família dos controladores.

A empresa vem apresentando resultados aquém dos esperados há alguns trimestres.

Outras empresas do seu setor também vêm mostrando deterioração de resultados.

Coincidentemente, todas elas argumentam que o aumento da taxa de juros é o principal fator que está impactando negativamente seus resultados.

Não existe justificativa plausível para uma empresa ter sido pega de surpresa com o aumento da taxa de juros no Brasil.

Houve tempo mais que necessário para que as empresas se ajustassem e ficassem prontas para operar em um ambiente de altas taxas de juros.

A empresa em questão é a Magazine Luíza.

Se fosse acionista desta empresa eu esperaria que houve uma estratégia crível de recuperação consistente de resultados.

Além disso, seria fundamental que a empresa demonstrasse um comprometimento de manter seus stakeholders muito bem-informados sobre as iniciativas ligadas à estratégia de recuperação.

Neste sentido, a área de RI deveria ser mais estratégica do que operacional.

Finalmente, eu como acionista, gostaria de ver mudanças relevantes no Conselho e na Diretoria Executiva.

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Sobre o colunista

Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 foi contribuidor da coluna Palavra do Gestor no jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC do Rio Janeiro, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.