Investimentos 2022: dá pra aprender com as piores e melhores ações de 2021?

Sim! Especialista analisa piores e melhores ações de 2021 e mostra que o ano passado tem muito a ensinar neste ano.
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PorEdnael Ferreira - 11/01/2022
Atualizado em 27/07/2022
6 min de leitura

O início do ano é um ótimo momento para fazer um balanço da vida, mas, além disso, é uma boa oportunidade para fazer uma retrospectiva do que aconteceu no ano anterior e preparar a carteira para o ano que virá. Pensando nisso, analisamos as piores e melhores ações de 2021 e descobrimos o que dá para aprender com esse resultado.

Nessa missão, o Gorila entrevistou Isabela Cassilha, planejadora financeira CFP®, especialista em investimentos e sócia da Passer Consultoria.

Antes de mais nada, vamos recapitular o que aconteceu ano passado. Confira abaixo o ranking das piores e melhores ações de 2021:

Melhores ações de 2021

  1. EMBR3 (Embraer): 180,45%
  2. BRKM5 (Braskem): 176,27%
  3. JBSS3 (JBS): 75,78%
  4. MRFG3 (Marfrig): 73,10%
  5. PRIO3 (PetroRIo): 47,22%

Fonte: Broadcast

Piores ações de 2021

  1. MGLU3 (Magazine Luiza): -71,04%
  2. VIIA3 (Via Varejo): -67,51%
  3. AMER3 (Americanas): -58,23%
  4. EZTC (EZTEC): -51,71%
  5. NTCO3 (Natura): -51,56%

Fonte: Broadcast

Acontecimentos de 2021 que levaram empresas ao topo da bolsa

Ao infinito e além! 

A líder no ranking de melhores ações de 2021, Embraer, animou o mercado e apresentou alta surpreendente após anunciar fusão da Eve, sua subsidiária, com a Zanite. Juntas, elas formarão uma holding cujo objetivo será acelerar a corrida pelos carros voadores.

Isabela Cassilha destaca que a retomada da aviação comercial também ajudou a companhia a “decolar”. “Como a Embraer está bem posicionada às exportações, a valorização do dólar frente ao real impulsionou seus lucros”, explica. Além disso, a diminuição das restrições da pandemia, avanço da vacinação e retorno gradual das viagens fizeram o setor aéreo se beneficiar.

Braskem, a petroquímica queridinha de 2021

O desinvestimento de seus controladores, Petrobras e Novonor, fez com que a petroquímica tivesse alta valorização. Fora isso, balanços positivos, bons indicadores e a retomada de fornecimento de gás natural no México também foram pontos positivos, diz Cassilha.

A carne é fraca? Na bolsa não!

O terceiro e quarto lugar do ranking de melhores ações de 2021 ficaram com frigoríficos. Cassilha esclarece que a alta da JBS e Marfrig se deve à exposição ao mercado americano, uma vez que a demanda por carne bovina cresceu muito na América do Norte.

Fora isso, “Diferente de outros países, o Brasil não paralisou a produção de proteína animal, atendendo tanto a demanda interna quanto o exterior – principalmente a China, maior importadora de frango e suínos. O volume de exportações também bateu recordes, aliado a um câmbio vantajoso. Se por um lado os custos de produção aumentaram (muito influenciado pelas condições climáticas e pela crise hídrica), por outro, a receita em dólar potencializou os lucros”, analisa a especialista.

A beleza está nos óleos de quem vê

Os bons resultados da PetroRio levaram a petroleira ao quinto lugar do ranking de melhores ações de 2021. A otimização do portfólio de exploração e possibilidade de novos campos que podem aumentar a produção em cerca de 155%.

A maioria das empresas que se destacaram são do setor de commodities

Petróleo, energia, proteína animal… Nas melhores ações de 2021 as commodities roubaram a cena. Cassilha explica que o setor teve alta de 50,72% no ano passado.

“É o que chamamos de ‘boom’ de commodities. O Brasil é um dos maiores produtores de matéria-prima no mundo e, com o aumento nos preços, os ganhos de muitas empresas foram potencializados”, acrescenta.

Para saber mais:
O que são commodities? Veja como funciona e como investir nesse mercado

Piores ações de 2021 são de varejistas: se correr o juro pega, se ficar o juro come!

A alta dos juros foi a grande vilã para o varejo em 2021. Quatro das cinco empresas que pior performaram no ano passado são desse setor. 

“Varejistas ligadas ao e-commerce são muito impactadas pelo aumento da inflação (significa despesas com marketing e outros custos operacionais mais altos) e pela alta da taxa de juros (crédito mais caro para financiar o crescimento da companhia). É por isso que Magalu, Via, Natura e B2W Digital (Americanas) ficaram entre as cinco maiores quedas da bolsa”, esclarece Cassilha.

Vai te ajudar:
Juros e inflação: entenda de uma vez por todas a relação entre eles!

Quanto mais alto, maior o tombo

De modo geral, a bolsa caiu em 2021. Mesmo com o índice Ibovespa chegando à máxima histórica nominal de 130.776 pontos em junho, houve amarga queda e o ano acabou aos 104.822 pontos.

Além do aumento dos juros, que fez com que os investidores migrassem para renda fixa, Cassilha justifica a queda com dois outros fatores. Primeiro, o risco fiscal agravado com as incertezas da PEC dos precatórios. Depois, a disseminação da nova variante Ômicron, que ainda assusta o mercado. 

A luz no final do túnel? Era um trem…

Não foi em 2021 que nos despedimos da pandemia e a tese de reabertura econômica fracassou. Cassilha vê esse resultado como fruto do atraso das vacinas em diversos países somado aos vilões que impactaram a economia em setores inteiros. A inflação mexeu no bolso e nas prioridades de compra das famílias. Nesse cenário, o Banco Central atuou elevando os juros e tornou mais caro os empréstimos e financiamentos. 

A especialista pontua ainda que o desemprego também entrou na conta: “Atualmente a taxa de desempregados no Brasil está em 12,6%. Estamos   falando  de   13,5   milhões de brasileiros sem renda”. 

Vem aí: acontecimentos que impactarão 2022

Alguns dos acontecimentos que impactaram as piores e melhores ações de 2021 ainda repercutirão no mercado financeiro em 2022. Isabela Cassilha considera pelo menos quatro:

  • Pandemia: a baixa adesão à vacinação em nível global aumenta o risco de novas ondas de COVID-19 e variantes. A Ômicron foi um exemplo em 2021. Com os hospitais sobrecarregados, haveria um agravamento na crise sanitária.
  • Inflação: ela foi um dos temas centrais de 2021 e deve continuar no radar dos investidores em 2022. É com base no aumento ou na diminuição da inflação que os bancos centrais mundo afora vão seguir com uma política monetária mais contracionista ou mais expansionista. Aqui no Brasil, com a Taxa Selic subindo, a expectativa é que a inflação desacelere gradualmente ao longo de 2022.
  • Política monetária nos EUA:  depois de tantos estímulos monetários nos EUA, o banco central americano, Fed, deve retirar liquidez da economia, reduzindo a compra de títulos e aumentando os juros. Na ata da última reunião do Fed, vimos novos sinais de uma antecipação: a expectativa é que a partir de março inicie a primeira de três altas nos juros em 2022.
  • Risco fiscal + Eleições: esse cenário mais polarizado (Lula x Bolsonaro) deve resultar no aumento do populismo, o que significa mais gastos e um impacto direto nas contas públicas. O grande ponto das eleições é descobrir qual candidato vai conseguir enfrentar da melhor forma os desafios econômicos, reaquecer o consumo depois da pandemia e “estancar” o avanço da dívida do país. 

Dicas para investir bem em 2022

“Cautela e diversificação são as palavras da vez”, aconselha Cassilha. Após um ano difícil como 2021 e um 2022 que também promete desafios, a especialista considera interessante aumentar a exposição em ativos menos voláteis. 

“Minha   recomendação   inicial   é   fazer   um   bom   ‘colchão’  em aplicações de renda fixa, tanto títulos pós-fixados quanto títulos atrelados à inflação para manter o poder de compra. Várias casas de análise já projetam Selic em 11,75% e até 12% a.a. Se isso se concretizar, veremos títulos pagando com facilidade 1% ao mês.”, diz. 

“Também considero fundamental ter uma exposição ao exterior e dolarizar parte da carteira. Afinal, o dólar é a moeda mais forte do mundo e anda na direção inversa do Ibovespa. Deixar 100% do dinheiro alocado no Brasil é um risco alto de concentração geográfica.”, complementa

Já que o tema é dólar:
Taxa de câmbio: o que é e como ela define o preço do dólar
Diversificação de investimentos no exterior: aprenda a montar sua carteira

Por outro lado, Isabela Cassilha enxerga boas oportunidades na bolsa com ações de excelentes empresas por um preço baixo. Do mesmo modo, a planejadora financeira julga que os fundos imobiliários também podem ser comprados com desconto. 

“Avalie os indicadores, estude os fundamentos, analise o gráfico, faça aportes graduais… e foque no longo prazo!  Quem quer investir em 2022 precisa estar preparado para todas as possibilidades. Por isso, minha dica é formar um caixa de oportunidades bem robusto para aproveitar eventuais quedas expressivas no ano. E por fim, tenha muita cautela diante desse cenário desafiador”, finaliza.

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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca.

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