Especialistas apontam a marca pessoal digital como um ativo decisivo para profissionais CFP®

O Congresso Internacional Planejar 2024 discutiu como os planejadores financeiros podem usar a marca pessoal para construir confiança e credibilidade no mundo digital, sobretudo no LinkedIn.
Foto de perfil do autor
PorEdnael Ferreira - 15/10/2024
Atualizado em 20/10/2024
5 min de leitura

A construção de confiança e a transmissão de credibilidade para o cliente vão além do “crachá da empresa” que um profissional Certified Financial Planner (CFP) possui. A marca pessoal também desempenha um papel fundamental nesse processo. No Congresso Internacional Planejar 2024, Ana Leoni, CEO da Planejar, Ana Claudia Plihal, CEO do LinkedIn Brasil, e Susana Arbex, especialista em personal branding e cofundadora da Betafly Brandmakers, discutiram essa relação.

À medida que o mundo se torna cada vez mais digital, a forma de se apresentar online também precisa evoluir. “Não se trata mais de ‘se’ fazer, mas de ‘como’ fazer”, afirmou Plihal. 

A relevância do LinkedIn

Com 78 milhões de usuários, o Brasil possui a terceira maior base do LinkedIn no mundo, o que reflete uma cultura de alto engajamento nas plataformas digitais. “É um país que se engaja muito com o que é dito nas redes sociais”, destacou Plihal, enfatizando a importância da troca de conhecimento que ocorre na plataforma.

A CEO do LinkedIn também apontou que o propósito de cada profissional deve ser claro ao utilizar essa rede social: “É fundamental escolher qual mensagem você quer passar, sempre com autenticidade e consistência.”

Arbex complementou a ideia ao esclarecer que todos possuem uma marca pessoal digital, “a questão é se ela é trabalhada ou não”, disse. Segundo ela, as pessoas são procuradas ou não com base no que outras pessoas esperam. “Esse resíduo gera uma expectativa de performance”, pontuou.

Ela também destacou que, apesar de a marca pessoal ser um ativo valioso, muitas pessoas ainda não foram educadas para pensar dessa forma. “Cabe a nós lembrar às outras pessoas o que podemos fazer por elas, porque as pessoas sempre estão mais preocupadas com si mesmas”, disse. 

Nesse contexto, Plihal afirmou que 77% das pessoas querem se relacionar com financial advisors de confiança e que gerem algum tipo de aprendizado. Com isso em mente, ela desmistificou a ideia de que o LinkedIn é uma rede usada somente para procurar emprego. 

A CEO da rede social corporativa ranqueou os quatro principais motivos que levam as pessoas a entrar no LinkedIn: em primeiro lugar, o consumo de conteúdo; em segundo, a oportunidade de fazer networking; em terceiro, a possibilidade de encontrar pares e líderes de suas áreas de atuação. A busca por novas oportunidades de emprego fica em quarto lugar.

O medo de “parecer ridículo” ao produzir conteúdo é um obstáculo comum que muitos enfrentam

Arbex mencionou que, em sua prática, um dos maiores medos que ela observa é o receio de “parecer ridículo”. Essa preocupação com a exposição e o julgamento alheio leva muitos a tomar decisões profissionais que buscam evitar essa vulnerabilidade. 

No entanto, ela enfatizou que os profissionais CFP detêm um conhecimento que, embora possa parecer básico para eles, é muitas vezes desconhecido por muitas pessoas. Essa discrepância de compreensão evidencia a importância da educação financeira e do papel dos planejadores CFP em desmistificar conceitos que podem ser cruciais para o sucesso e a segurança financeira de seus clientes.

O potencial de guiar a geração Z

Em adição, Plihal lembrou da importância de olhar a geração Z como os clientes do futuro. A executiva analisou que essa faixa etária tende a não saber buscar informações que não estejam disponíveis no ambiente digital. 

Essa realidade apresenta uma oportunidade para os profissionais do setor, que podem se posicionar como conselheiros financeiros dessa nova geração. Ao adaptar suas abordagens e estratégias de comunicação, os profissionais CFP podem também dar o suporte necessário para que os jovens naveguem em um mundo cada vez mais complexo e digitalizado, analisou Plihal.

Essa capacidade de conectar-se com essa geração de forma autêntica e acessível será fundamental para construir relacionamentos duradouros e impactar positivamente seu futuro financeiro.

Como trabalhar a marca CFP em conjunto com a marca pessoal

As especialistas ressaltaram que a união da marca pessoal com a certificação CFP é uma estratégia poderosa, especialmente em um mercado onde essa credencial é amplamente reconhecida, a ponto de muitos profissionais a incluírem a sigla ao lado de seus nomes em perfis no LinkedIn.

Apesar da “reputação pessoal ter que extrapolar o legado que a companhia do funcionário oferece”, não existe como desvincular as duas coisas, disse Plihal. Trazendo dados do LinkedIn, ela afirmou que 79% das pessoas que buscam um profissional visitam a página da companhia em que ele trabalha e depois buscam os funcionários da empresa.

Essa dinâmica torna essencial que os profissionais compreendam quais valores pessoais estão alinhados com os da empresa. Ao identificar e destacar essas sinergias, os profissionais podem aproveitar essa conexão para fortalecer sua imagem e atrair a atenção de potenciais clientes, criando uma identidade que ressoe tanto com seu público quanto com a missão da organização.

Mesmo nova, o potencial de crescimento da profissão de planejador financeiro é alto. Dados da Planejar registraram um total de 10.248 profissionais CFP em agosto de 2024, alta de 9,2% ante dezembro de 2023. Do acumulado de 2022 para 2023, o aumento havia sido de 8,68%.

Arbex ressaltou que todos os profissionais em mercados emergentes têm a responsabilidade de educar seus clientes. Ela observou que, se aqueles que detêm o conhecimento não o compartilham, perde-se uma grande oportunidade de se diferenciar e de atingir mais pessoas.

“É fundamental pegar as pessoas pela mão e ajudá-las a entender”, aconselhou a especialista em personal branding , destacando que, como profissionais de planejamento financeiro, o objetivo deve ser facilitar a escolha dos clientes. 

Para isso, é essencial fornecer argumentos técnicos de forma clara e acessível, “mastigando” as informações para que os potenciais clientes passem a enxergar valor ao contratar um planejador. 

O processo de construir uma reputação é demorado e deve envolver humanização

Plihal ressaltou que o LinkedIn é uma rede que valoriza a qualidade sobre a quantidade, o que implica que construir uma reputação sólida é um processo demorado. Os profissionais devem se concentrar em cultivar conexões significativas e relevantes, ao invés de simplesmente acumular contatos. Essa abordagem não apenas fortalece a marca pessoal, mas também permite um engajamento mais profundo com a audiência.

Arbex acrescentou que qualquer marca de sucesso “precisa equilibrar o hard e o soft”. Isso significa dar importância à humanização, especialmente para as novas gerações. 

Por fim, as especialistas concluíram que os profissionais devem encontrar um limite confortável ao compartilhar informações, evitando a tentação de abordar todos os temas. Ao focar em mensagens autênticas e relevantes, os CFPs podem estabelecer uma presença online que ressoe com seus valores pessoais e profissionais, construindo assim uma reputação duradoura e confiável.

Compartilhe

Este artigo foi útil?

Artigos Relacionados

Compartilhe