Geração Z pressiona indústria por mudanças na forma de investir

No ANBIMA Summit, especialistas discutiram como entender esse público para construir uma relação de longo prazo, que considere a diversidade, a digitalização e os objetivos pessoais como elementos centrais.
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PorEdnael Ferreira - 27/06/2025
Atualizado em 30/06/2025
3 min de leitura

A nova geração de investidores está saindo da borda e entrando de vez no centro das decisões financeiras. Não mais apenas espectadores, esses jovens começam a influenciar o mercado com seus comportamentos, canais de informação e escolhas de investimento. No ANBIMA Summit 2025, especialistas se debruçaram sobre seus hábitos e preferências no mundo dos investimentos e os desafios para atrair, engajar e manter esse público em um mercado ainda marcado por abordagens tradicionais.

Para Rafael Pagliato, Head de Produtos de Investimento no Bradesco Global Private Bank, a juventude tende a assumir um pouco mais de risco, o que é natural dada a sua maior tolerância a perdas e o horizonte de tempo mais longo. “Um portfólio de longo prazo não é feito só de decisões certas”, afirmou. 

O contexto no qual essa geração está inserida também contribui para seu comportamento mais aberto ao risco. Durante o evento, os palestrantes mencionaram o conceito de “modernidade líquida”, do sociólogo Zygmunt Bauman, para explicar o ambiente de instabilidade e transformação constante em que a Geração Z cresceu. Relações, estruturas e referências mudam rapidamente, e isso influencia diretamente o modo como esse público se relaciona com o dinheiro e com os investimentos.

Rafael Válio, fundador da Z Invest, plataforma voltada para inserir jovens nesse ecossistema, observa que esse alinhamento com a modernidade se reflete na curiosidade e na vontade de experimentar. “O jovem quer testar coisas novas, busca alternativas. Isso vale também para investimentos”.

Mas falar apenas de produtos financeiros não tem sido suficiente. Para Válio, “invariavelmente precisamos falar do objetivo técnico, mas não precisa ser só isso”. Ele defende a ideia de que investir é um meio, não um fim. O foco, portanto, deve estar nos objetivos de vida. 

Segundo ele, é no ambiente digital que se inicia o relacionamento com esse público. As plataformas, redes e formatos online funcionam como um primeiro funil de atração, que pode levar o jovem a espaços de discussão mais aprofundados.

Válio reforçou ainda a necessidade de uma visão estratégica sobre o jovem investidor. Hoje ele representa uma fatia pequena da base de clientes, mas será o principal público daqui a 10 ou 20 anos, disse. “Tem que olhar o jovem como cliente e não como inclusão”, falou, criticando abordagens que tratam a presença juvenil como exceção ou concessão.

Segundo ele, as gestoras que participam do Z Summit (congresso de investimentos para jovens organizado pela Z Invest) já estão adotando esse olhar, focando na construção de relações de longo prazo com cotistas da Geração Z.

A pluralidade da Geração Z precisa ser entendida para que a comunicação seja assertiva

Bia Santos, CEO da Barkus Educacional, chama a atenção para a diversidade interna da Geração Z. “Existem pessoas dessa geração que já têm filhos”, exemplifica. A ideia de que esse grupo é homogêneo ou composto apenas por adolescentes é equivocada. Por isso, ela destaca a importância de personalizar a linguagem e as estratégias de comunicação dentro dessas intersecções. Generalizações comprometem a efetividade da educação financeira.

Para a CEO da Barkus, o caminho mais sólido para construir uma relação estratégica com os jovens passa pela educação. É com ela que se pode desenvolver um entendimento mais profundo sobre o papel dos investimentos na vida das pessoas. Ela sugere que as instituições reflitam sobre que tipos de conteúdo podem ser adaptados e escalados para diferentes perfis dentro da mesma geração.

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