Fan token: como funciona a cripto dos torcedores
Atualizado em 14/03/2022
Unindo tecnologia e futebol, eis que surge o fan token! Já ouviu falar nessa nova modalidade de investimento? A criptomoeda do torcedor vem crescendo no país e alguns times já lançaram suas moedas digitais.
Recentemente, o Corinthians lançou seus fan tokens, chamados SCCP, que se esgotaram em 2 horas e renderam R$ 8,8 milhões. Impressionado com o volume? Acompanhe o artigo para ficar por dentro!
O que é fan token?
Também chamados de tokens de utilidade, os fan tokens são uma espécie de criptoativos que dão acesso a produtos e serviços relacionados aos times. Dessa forma, os torcedores podem participar de votações e de experiências ligadas ao clube, como, por exemplo, escolher a terceira camisa da equipe.
São os próprios clubes que estabelecem quais serão as recompensas de quem adquirir os tokens.
Qual a origem do fan token?
Desenvolvidos pela fintech de blockchain Chiliz e a plataforma de engajamento de fãs Socios.com, os fan tokens são ativos digitais colecionáveis. Eles permitem que as maiores organizações esportivas conectem-se com seu público.
O primeiro clube a emitir fan token foi o Paris Saint-Germain. Desde janeiro de 2020, o time francês já ofertou, em parceria com a empresa Socios.com, 20 milhões de tokens para torcedores.
O uso do fan token não se restringe somente ao futebol. Mais de 50 organizações esportivas de todo o mundo fazem uso da plataforma. Na lista estão nomes como Juventus, Milan, Manchester City, Arsenal e Barcelona, além das equipes de Fórmula 1 Aston Martin e Alfa Romeo.
Tem também o UFC (Ultimate Fight Championship) que lançou seu token em junho, algumas organizações internacionais de MMA (Artes Marciais Mistas) e franquias da NBA (National Basketball League).
Em 2021, a movimentação de fan tokens gerou US$ 150 milhões em receitas a serem divididas entre os parceiros da Socios.com. Mais de 1,3 milhões de fãs interagem com seus esportes favoritos por meio do app.
Como adquirir fan token?
Quem curtiu a ideia de investir em fan token deve ficar de olho nas próximas ofertas dos clubes. A última foi realizada no começo de setembro pelo Corinthians. Já a próxima, será feita pelo Flamengo com o token $MENGO, no dia 19 de outubro.
O torcedor compra o token pela internet da mesma forma como se negocia qualquer criptomoeda. Veja as três formas de fazer as transações:
- através do Mercado Bitcoin, primeira plataforma do Brasil a listar o token;
- no app da plataforma de engajamento Socios.com, por onde o $SCCP e o $GALO foram lançados;
- pela corretora Chiliz.
Vale dizer que os preços terão variação de acordo com a relação entre oferta e demanda.
E depois da compra, é preciso que o torcedor acesse o aplicativo Socios.com para poder participar das decisões e benefícios dos fãs.
Como funciona o fan token?
A nova criptomoeda se assemelha aos programas de sócios-torcedores que a maioria dos clubes brasileiros possui.
Ao invés de pagar uma mensalidade, o portador do fan token consegue ter um engajamento maior com o time podendo participar de eventos especiais e votações.
A data de lançamento e o valor inicial dos fan tokens são determinados pelos clubes, assim como o encerramento. Ao fazer a oferta inicial de fan token, do inglês Fan Token Offering (FTO), geralmente, os clubes disponibilizam as moedas por um tempo bem curto para ferar a impressão de escassez e bater mais rápido a meta de vendas estipulada.
No Brasil, por exemplo, o Atlético Mineiro disponibilizou a venda de fan tokens por 9 horas. Foram vendidos 600 mil dos 850 mil, em 8 minutos.
Quem garantiu o token pode permanecer com ele e participar das interações com o clube ou revender o ativo digital visando ter rentabilidade.
Fan tokens no Brasil
O primeiro clube a inserir criptomoedas no Brasil foi o Atlético-MG. Com a intenção de estreitar a relação com seus fãs ao redor do mundo, o time lançou, em agosto, a moeda digital chamada de $GALO. Cada unidade foi vendida a 2 dólares, cerca de R$ 10.
Quem comprou o ativo digital poderá votar em algumas decisões do Galo. A primeira delas é a escolha do modelo da braçadeira que o capitão irá usar nos jogos. Um item do modelo vencedor será sorteado entre os torcedores que tiverem o token.
Em setembro, o Corinthians, em parceria com a plataforma Socios.com, colocou 850 mil tokens em circulação, ao preço de 2 dólares cada um – que deveriam ser adquiridos com a criptomoeda nativa da plataforma, chamada Chiliz (CHZ).
Em duas horas as moedas esgotaram. Segundo a Socios.com, mais de 50% dos compradores dos tokens $SCCP foram de fora do Brasil, estando distribuídos em 150 países.
A primeira ação de engajamento com os torcedores do Timão será a escolha do próximo ídolo que deve ser eternizado em um busto no Parque São Jorge. São candidatos: Ronaldo “Fenômeno”, Basílio e Gilmar dos Santos Neves.
A CBF também lançou seu fan token, porém em outra plataforma, a Bitci – empresa turca que possui sua própria criptomoeda, o Bitcicoin. A Confederação Brasileira de Futebol arrecadou mais de 90 milhões de reais em poucos minutos de vendas.
Os donos dos tokens podem usar o ativo digital para participar de eventos e comprar produtos licenciados. Por enquanto, a CBF não divulgou quais serão os benefícios.
Os clubes Vasco da Gama e Cruzeiro, por sua vez, lançaram tokens em blockchain que equivalem a cotas sobre direitos federativos de jogadores formados em suas categorias de base.
Outros times de futebol que integram a lista são o Internacional ($SACI), Coritiba (Coritiba Token), São Paulo FC ($SPFC) e Santos (SANTOS). Além disso, o Palmeiras e o Botafogo também já anunciaram que ainda em 2022 lançarão seus próprios fan tokens.
Primeiro pé nas criptomoedas
Diego Centurione teve o primeiro contato com as criptos através do fan token do Corinthians. Apesar de ser um mercado novo, ele já pretendia investir um pouco em bitcoin, porém a tomada de decisão aconteceu dias antes do aniversário do Corinthians, comemorado em 1º de setembro, quando o clube divulgou que lançaria a moeda virtual.
“Eu achei que seria uma forma de ajudar o clube. Queria até comprar uma camisa, mas decidi comprar o fan token porque vi que era um mercado de criptomoedas e ia ajudar o clube. O token também dá direito de votar nas enquetes e o clube vai realmente acatar o que os torcedores querem”, explica Centurione.
Mas será que essa ação de lançar um ativo digital agradou toda a torcida do Corinthians? Centurione comenta sua percepção: “Acho que é um engajamento muito válido, mas tem muita gente que fica falando que o relacionamento com torcedor fica meio elitizado porque nem todo mundo vai conseguir [comprar], mas eles vão manter o sócio-torcedor para ingresso e outras ações”.
Além de possibilitar esse engajamento com o time, os tokens não deixam de ser um ativo que com o tempo pode se valorizar e até mesmo ser vendido.
“Depois que descobri que pode se tratar como um investimento, eu fui me interessando mais por tudo isso e imaginei que os resultados do Corinthians em campo, os títulos que vão vir, vão valorizar [os fan tokens]. Aí eu posso depois vender uma parte ou não, mas a intenção é sempre manter para poder participar das ações do clube e ajudar”, afirma Centurione.
Dá para ganhar dinheiro com os fan tokens?
O produto não é voltado somente para o tradicional sócio-torcedor. Qualquer pessoa que admire o clube pode fazer a compra de tokens. O grande intuito desta moeda digital é oferecer um engajamento maior com a torcida, fazendo com que ela participe de algumas decisões ou receba benefícios VIP.
Como os tokens emitidos são limitados, os portadores podem negociar a moeda digital no mercado secundário, assim como acontece com as ações na Bolsa de Valores. Lembrando que os preços terão variação de acordo com a relação entre oferta e demanda.
Para ter uma noção do quanto o ativo digital pode ser uma opção interessante para o investidor, a oferta inicial do fan token do Corinthians aconteceu no dia 2 de setembro, porém só no dia 9 que os fãs puderam comercializar o token. O $SCCP chegou a acumular 54% de valorização em um único dia.
Lembrando que o clube fica com 50% do valor arrecadado na oferta inicial, momento em que definem o preço do token, e o restante vai para o Socios.com.
Pagando com outras moedas
Não é só em dólar, euro ou reais que os jogadores são pagos. As criptomoedas vem com tudo fazendo parte do salário dos esportistas.
Após deixar o Barcelona, Lionel Messi acertou um contrato milionário com o Paris Saint-Germain (PSG) em que parte do valor pago ao jogador, termo conhecido como luvas, foi em forma de fan tokens do clube francês.
De acordo com o Paris Saint-Germain, foi tamanho o interesse em $PSG, que o volume de negociação foi superior a US$ 1,2 bilhão nos dias anteriores à chegada de Messi.
O token do PSG era negociado, no dia 1º de agosto, a US$ 23 e chegou à máxima de US$ 61,23, em 10 de agosto, no dia do anúncio da chegada do craque, resultando numa alta de 166,2%.
E saindo do futebol, a NBA também inovou ao anunciar este ano que oferecerá o pagamento do salário dos jogadores em bitcoin.
Live sobre fan token
Confira um bate-papo com Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, sobre fan token.
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