A Arte do Descanso – Carta Mensal Dez/23 | TAG Investimentos
Desde a antiguidade é sabida a necessidade do descanso, para a recomposição de forças do corpo, para que o espírito também repouse e se prepare para um novo ciclo de lutas. O ano de 2023 não foi um ano fácil para os investidores, apesar dos bons números finais de desempenho dos ativos. Foi um ano com muita volatilidade, inversões súbitas de tendência, guerras, problemas de crédito, enfim, toda a sorte de desafios.
Em nossa última carta do ano, detalhamos o cenário para o ano de 2024, que também não deverá ser um ano fácil. Trabalhamos com a continuidade do regime presente até então, volatilidade, mudanças rápidas nos preços, conflitos geopolíticos e muita incerteza em como se dará o processo de desaceleração econômico em curso. É necessário que estejamos descansados, e com a mente limpa e organizada para sermos rápidos e adaptativos ao ano que chega.
É provável que esta carta lhe encontre no seu merecido recesso, logo teremos aqui algo um pouco mais visual e de mais fácil digestão do que um longo texto. Para que você possa apreciar na borda de uma piscina ou à beira-mar, vamos apresentar quinze gráficos, aleatórios, com algumas coisas de sociedade, economia e mercado que achamos interessantes e que podem nos ajudar a pensar.
Para você, leitor, e sua família, a TAG Investimentos deseja um 2024 com muita saúde, paz de espírito e prosperidade.
#1 – Cash (Money Market)
Foi o grande vencedor de 2023.
Mais de um trilhão de dólares procuraram os juros altos (5.3% aa), risco baixo e liquidez imediata. Em havendo o cenário de “soft landing”, imagine esse dinheiro buscando ativos de risco?
#2 – Mais cortes, menos aumento de juros
Em 2024 teremos o ano com mais cortes do que aumentos de juros desde 2020.
Em não havendo uma recessão global (sim, essa é a grande questão) isso é uma grande notícia para os ativos de risco.
#3 – Carros Elétricos (EV’s)
A venda de carros elétricos (EV´s) tem perdido a força.
O alto custo, somado à depreciação acelerada dos usados, tem feito o consumidor americano repensar a “moda”.
#4 – Transição Energética nos EUA
A transição energética americana caminha lentamente
#5 – Geração Elétrica Brasileira
Já a matriz de geração elétrica brasileira é praticamente 90% renovável.
#6 – Índice de Medo e Ganância
O mercado está no modo de “extrema ganância”. Lembra do ditado? Quem vai com muita sede ao pote…
#7 – Crédito Americano
O ciclo de crédito americano pode estar virando.
Lembrem-se de nossa última carta mensal e do cenário 2024: a grande questão do ano é se o mundo pousa suave ou se entra em recessão.
#8 – Mercado Japonês
A senhora Watanabe está sangrando.
O japonês tem 50% de sua poupança em “cash”. Com juro real supernegativo ele foi buscar retorno em outros países e até na bolsa japonesa. Se o BoJ começar a subir juros, temos o aspirador funcionando no sentido contrário. Isso pode ter impactos para ativos globais.
#9 – Mercado, FED e os juros
O mercado e o FED discordam da taxa de juros ao final de 2024.
O mercado está divergindo do FED em quase 100 bps para as taxas de juros ao final de 2024 (linha azul cheia contra a pontilhada). Não nos lembramos de uma divergência tão grande. 2024 promete ser um ano interessante.
#10 – Chip Wars
A China é um grande destino de vendas dos maiores fabricantes de processadores. Em caso de piora no relacionamento entre US e CH, com aumento do controle de exportações, esses fabricantes têm muito a perder. E estão negociando em valores astronômicos nas bolsas globais.
#11 – Demografia é Destino
Mais pessoas sozinhas, maior consumo de remédios psiquiátricos, pior qualidade de vida, menor formação de famílias e declínio populacional. São as megatendências em curso.
#12 – Polarização e Política
E isto não é privilégio dos americanos, na maior parte das democracias ocidentais o quadro é o mesmo.
#13 – China é um consenso
Um assunto em que a maior parte dos americanos concorda é que a China é um problema sério.
#14 – Para os mercados, China também é um consenso
Após perder tudo que tinha investido em Rússia, o investidor global (profissional) não quer perder o emprego em caso de conflito com China. De A até Z, a ordem foi vender China. Também chama atenção como o mercado de commodities enxerga um mundo bem menos róseo do que os outros mercados.
#15 – Brasil
Para não dizer que não falamos do Brasil.
O próprio sell side (responsáveis por analisar o mercado e promover/vender ativos financeiros diversos), normalmente otimista, acha que bolsa tem pouco upside para 2024. Enquanto isso, as NTNB´s estão com as inflações implícitas historicamente baixas, ou seja, estão baratas.
Sobre o colunista
André Leite possui mais de 25 anos de experiência como portfolio manager e trader para diversos bancos e assets. Passou por instituições como Banco Bozano, Simonsen, Banco Modal, Banco Santander, Maxima Asset Management, J. Safra Asset Management, Kairós Capital e Torana Investimentos. Hoje é Chief Investment Officer da TAG Investimentos. Já recebeu prêmios como “Best Hedge Fund Manager – 1998” (Revista Exame e Lipper) e “Best Fixed Income Portfolio Manager – 2002” (Revista Investidor Institucional). É formado em Engenharia Elétrica pela UFRJ e possui MBA pela University of Michigan Business School.
Este artigo foi útil?