Blockchain descomplicado: entenda como funciona essa tecnologia
Atualizado em 14/03/2022
Nos últimos anos, temos ouvido falar cada vez mais de blockchain. O termo quase sempre vem associado às criptomoedas no mundo dos investimentos. Mas você sabe, de fato, o que é e como funciona essa cadeia de blocos?
Continue lendo o artigo para entender tudo de forma simples.
A resposta rápida é…
Blockchain é um sistema que permite a troca de dados pela internet. Esses dados são transportados em códigos criptografados que funcionam como blocos. Cada um dos blocos é ligado ao outro, como se fosse uma corrente, e, através dessas ligações, é formada uma grande rede que pode ser acessada por todos.
Mas o que isso quer dizer na prática?
Com a intenção de entender melhor qual a grande “sacada” do blockchain, primeiro precisamos falar de como o mundo funciona sem ele. Para isso, vamos imaginar a situação de troca de dados. Uma transação financeira especificamente.
Se uma pessoa X quer transferir uma quantia de dinheiro para uma pessoa Y, ela necessita de uma instituição financeira de confiança para realizar o processo. Essa instituição pode ser um banco, por exemplo. E o banco normalmente deduz uma taxa para fazer com que o dinheiro chegue de um lugar a outro.
O blockchain elimina a necessidade de uma instituição custodiante. Isso porque o banco de dados que existe no sistema blockchain é descentralizado. Então ele pode ser acessado por milhares de pessoas, desde que elas sigam algumas regras. É diferente do banco de dados de uma instituição financeira, que é centralizado e somente a companhia possui acesso.
O blockchain e as criptomoedas
É importante esclarecer que blockchain não é a mesma coisa que criptomoedas. A tecnologia possibilitou a criação do Bitcoin e de outras moedas digitais, mas ela pode ser utilizada para outras aplicações.
As criptomoedas, assim como o blockchain, são descentralizadas. Ou seja, elas não possuem vínculo com nenhum governo, empresa ou banco. O Bitcoin, por exemplo, foi criado para ser um sistema econômico alternativo onde tudo é controlado e verificado pelos próprios usuários. Por isso, a tecnologia blockchain é perfeita para essa e outras criptomoedas.
Leia também:
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Além disso, a rede permite o registro de todas as informações. Então está tudo guardadinho, desde a venda do primeiro bitcoin até a que está acontecendo agora. Os detalhes sobre quem são o vendedor e o comprador são criptografados, e a transação está registrada para sempre.
Entendendo como funciona o blockchain de um jeito fácil
Para ilustrar o funcionamento do blockchain, vamos imaginar o sistema como um livro razão público. Na contabilidade, esse livro contém o registro cronológico de todas as transações realizadas por uma empresa.
Dessa forma, no blockchain, temos então um livro razão que todos podem acessar para consultar que transações foram efetuadas, bem como registrar suas compras e vendas.
Vamos a um exemplo:
No esquema acima, vemos que existem 3 transações:
- A transferiu 4 para B.
- B, por sua vez, transferiu 2 para C.
- Por fim, C transferiu 1 para D.
E todas as operações estão registradas no livro razão, ou seja, estão no blockchain.
Todas essas operações estão ligadas umas às outras:
Todo mundo que acessa o sistema tem acesso a uma cópia de todos os dados sincronizados. E, como dissemos anteriormente, tudo está registrado desde da primeira transação. É possível ter acesso ao histórico que está ligado a cada transação justamente por conta dessa ligação, a corrente, que conecta um bloco de informação ao bloco ligeiramente anterior.
Desse modo, a operação onde C transferiu 1 para D carrega as informações das negociações anteriores feitas por A e B.
Entretanto, para que essa corrente que liga os blocos apareça ela precisa ser aprovada. Os compradores e vendedores apenas lançam seus pedidos para serem incluídos, quem valida a ligação entre os blocos são os mineradores.
Essa corrente entre um bloco e outro é chamada de hash e funciona como uma assinatura digital única. Os mineradores, então, concorrem entre si para ver quem conseguirá adicionar o hash que valida a transação. Esse processo é chamado de mineração.
O minerador que conseguir adicionar a transação primeiro no blockchain recebe uma recompensa financeira. Se estamos falando de bitcoins, por exemplo, ele vai ganhar uma certa quantidade da criptomoeda como prêmio.
Como é a mineração?
A disputa entre os mineradores é baseada em dois princípios: a validação da transação e a decodificação do hash.
Para verificar se a transação é válida, os mineradores vão até o começo da corrente e avaliam o histórico de troca de informações. No caso do bitcoin, é visto o histórico de compra e venda desde o princípio para concluir se aquela solicitação de transação diz respeito a uma quantidade que está nessa cadeia.
Por exemplo, se B solicita a inclusão de uma transferência de valor 2 para C, os mineradores irão seguir a corrente e verificar se o B realmente possui o valor 2. No nosso exemplo, vemos que sim, B possui, pois recebeu 4 de A. Logo, a transação é válida.
Feita a validação, é necessário encontrar o código do hash que aprova a transação através da ligação com o bloco de dados ligeiramente anterior. Esse código é um número aleatório, não tem fórmula pronta. A única maneira de chegar até ele é tentando todas as possibilidades uma por uma.
Essas tentativas são feitas através de cálculos complexos realizados por computadores superpotentes e que consomem alta quantidade de energia e de processamento.
Quando o código é encontrado, o minerador avisa na rede e os outros mineradores cessam a busca e confirmam se o código anunciado é verdadeiro. Depois que tudo dá certo, os blocos de informação são ligados pelo hash e a transação fica gravada na cadeia para sempre.
Blockchain é seguro?
Sim, o sistema blockchain é praticamente impossível de ser fraudado. Isso acontece pelos seguintes motivos:
- A rede é descentralizada: está em diversos computadores ao redor do mundo, em simultâneo. Seria preciso acessar todos eles, o que é muito difícil.
- Existem várias camadas de segurança. Quando o sistema reconhece uma tentativa de invasão, trava automaticamente em poucos segundos.
- Cada bloco carrega os códigos criptografados de sua própria transação e também das transações anteriores ligadas a ele. Assim, para tentar invadir uma transação, são diversas barreiras de código que precisariam ser ultrapassadas.
- Em mais de 10 anos de funcionamento, a rede nunca ficou fora do ar ou foi invadida.
Contudo, já vimos algumas notícias de bitcoins sendo roubados. Nesses casos, o que ocorreu foram falhas de segurança nos sistemas de saque das corretoras ou falta de cuidado no armazenamento de chaves privadas (por parte da corretora ou dos usuários). Ou seja, o problema não foi no blockchain em si.
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Progressivamente, surgem novas aplicações para essa tecnologia, mas ainda é necessário aguardar para ver quão grande será o impacto do blockchain em nossas vidas. Por ora, podemos afirmar que o sistema vem funcionando para as criptomoedas.
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*Texto escrito sob supervisão de Álvara Bianca
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