Adoção de APIs em instituições financeiras impulsiona operações

A transformação digital do setor financeiro no Brasil avança em ritmo acelerado, puxada pelo Open Finance e pela demanda por experiências mais conectadas e personalizadas. No centro desse movimento estão as APIs, que vêm acelerando a migração das instituições de sistemas legados para arquiteturas abertas e integradas. No FEBRABAN TECH 2025, especialistas discutiram como essas mudanças estão redefinindo a forma de desenvolver produtos, entregar serviços e responder às expectativas dos clientes em tempo real.
APIs repensam arquitetura e desenham futuro colaborativo
Felipe Barone, diretor na Serasa e CEO da PagueVeloz, vê as APIs como uma ferramenta que vai além da tecnologia. Segundo ele, a integração proporcionada por essas interfaces tem impacto direto no desenho da estratégia de negócio. “Me ajuda a definir o planejamento estratégico”, afirmou.
Na prática, as APIs permitem que a empresa concentre esforços nas atividades em que tem mais domínio, enquanto terceiriza processos operacionais por meio de parceiros especializados.
O uso de APIs para terceirizar serviços financeiros ganha força: provedores oferecem pagamentos, abertura de conta e análise de crédito como serviços prontos (BaaS), eliminando a necessidade de construir do zero.
O avanço do Open Finance também leva as instituições a repensarem suas arquiteturas de tecnologia. O modelo baseado em APIs abre espaço para estruturas mais modulares e conectadas, capazes de integrar diferentes parceiros e serviços de forma segura e eficiente. Para os especialistas presentes no painel, o futuro aponta para um ambiente cada vez mais colaborativo, com ecossistemas construídos para facilitar a interação entre múltiplos players.
A interface conversacional desejada pelo usuário exige integração
Marcelo Maylinch, CTO e CIO do Ouribank, apontou uma mudança clara no comportamento do usuário: a preferência por interfaces conversacionais, com interações mais diretas, fluidas e alinhadas ao padrão de aplicativos de mensagem.
Segundo ele, esse novo paradigma exige que as instituições financeiras adotem plataformas abertas. “Ou você entra no jogo do Open Finance ou está fora do jogo”, afirmou.
Barone reforçou a importância da conectividade ao citar o exemplo do mercado de terminais de pagamento. Hoje o cliente espera muito mais do que a simples captura de transações nas “maquininhas”. É esperado uma solução que também gerencie o estoque e apresente o cardápio, no caso de restaurantes, por exemplo.
No contexto das instituições financeiras, Barone ressaltou que, para oferecer esse nível de serviço, é necessário montar uma infraestrutura própria de grande porte, a não ser que a empresa adote APIs para integrar diferentes soluções de forma rápida e eficiente.
Cultura “API First”
Os especialistas também comentaram as diferenças culturais de empresas que optam por usar APIs.
Barone explicou que, ao gerenciar o uso de APIs na companhia em que atua, ele, consequentemente, tem um “porquê claro para fazer tecnologia”.
“Eu tenho que ter claro quem são os consumidores da API e isso cria a necessidade de entender, também, do negócio”, disse o CEO da PagueVeloz.
Open Finance e APIs
Com o avanço do Open Finance, os especialistas projetam um futuro cada vez mais transfronteiriço, com modelos mais simples, mais ágeis e menos custosos.
“Vai ser impossível suprir as necessidades do cliente sozinho na velocidade que elas estão crescendo”, analisou Barone. Nesse sentido, a capacidade de conectar ecossistemas por meio das APIs será o diferencial para quem quiser se manter competitivo e relevante.