A busca por excelência em gestão continua
Em janeiro de 1982, Tom Peters e Robert H. Waterman publicaram um dos maiores best-sellers de negócios de todos os tempos: “In Search of Excellence: Lessons from America’s Best-Run Companies”.
No livro, com base em 43 das empresas mais bem-sucedidas nos EUA na época, os autores publicam 8 atributos que parecem estar presente naquelas com melhores desempenhos.
Alguns dos atributos mais interessantes são:
- Viés por agir;
- Proximidade com os clientes;
- Estrutura simples;
- Produtividade da equipe e,
- Autonomia e empreendedorismo;
Em um artigo da Mckinsey de 2018, intitulado “The Two C’s of Management Excellence”, o autor identifica dois fatores, Consistência e Coerência, como importantes para identificar excelência em gestão.
A presença desses dois fatores aumenta a assertividade da comunicação interna e externa da empresa, ajuda a atrair e reter talentos que melhor se adaptam à cultura organizacional e permitem uma maior eficiência na alocação dos recursos.
Vamos dar um fast forward para 2024…
O que seria excelência em management nos dias de hoje?
Além dos atributos apontados pelos estudos aqui mencionados, eu acredito que os seguintes fatores precisam estar incorporados às práticas de gestão das empresas:
- Agilidade na tomada de decisões;
- Pensamentos crítico e estratégico;
- Uso da inovação como ferramenta defensiva, buscando proteger a franquia atual, e ofensiva, buscando reforçar posicionamento competitivo em seu mercado de atuação;
- Estar atualizado com as mais modernas práticas e ferramentas de gestão utilizadas por empresas do seu setor;
- Comunicação transparente com seus principais stakeholders;
- Uso de um arcabouço para monitorar a criação de valor para acionistas e demais stakeholders;
- Composição do Conselho de Administração alinhada ao objetivo de criação de valor sustentável;
- Cultura organizacional que premie, além do desempenho de função, postura ética e colaborativa dos funcionários.
Quando pensamos em excelência de gestão no Brasil, alguns comentários precisam ser feitos:
Ouso afirmar que a maior parte dos agentes econômicos no país não acreditam ser possível atingir a excelência de gestão por aqui, dadas as incertezas macroeconômicas e as mudanças bruscas de cenário.
Entretanto, a postura correta em relação a excelência deveria ser fazer todos os esforços possíveis para alcançá-la.
Se no fim das contas não for atingida, ainda assim haverá ganhos importantes para a empresa em questão.
Além disso, no Brasil, temos vários setores bastante concentrados em pouco players. Por isso, a concorrência é limitada e minha percepção é que as empresas se acomodam e não se esforçam na busca da excelência.
Concluindo, eu diria que é complexo afirmar se uma empresa atingiu a excelência ou mesmo está buscando atingi-la.
Mas se tentarmos identificar alguns dos atributos necessários que foram mencionados neste artigo, teremos indicações fortes sobre aquelas que estão comprometidas com o objetivo.
Leia também:
Para a alta do Ibovespa, seus dois principais catalisadores são questionáveis
Sobre o colunista
Sergio Goldman é colunista no Blog do Gorila e possui mais de 30 anos de experiência no mercado de capitais da América Latina com foco em Equity Research, Distribuição de Renda Variável e Wealth Management. Possui vasta experiência na venda de produtos de renda variável para investidores institucionais locais e estrangeiros, tendo trabalhado em instituições financeiras como Baring Securities, Bear Stearns, Santander, Unibanco e Safra. Desde junho de 2023 atua com gerenciamento de portfólios na Barra Peixe Investimentos. Entre 2019 e 2023 atuou como gestor do FIA Esh Prospera, e entre 2014 e 2016 contribuiu na coluna Palavra do Gestor do jornal Valor Econômico. Formado em Engenharia Eletrônica pela PUC-RJ, tem mestrado em administração na COPPEAD, escola de negócios da UFRJ.
Este artigo foi útil?